O Benefício de Prestação Continuada (BPC) tem se destacado nos últimos anos, apresentando um crescimento significativo no número de beneficiários. Com um aumento de 33% e a inclusão de 1,6 milhão de pessoas no programa, a situação financeira do governo e a proteção social dos cidadãos estão em evidência. Veja a seguir, as razões por trás desse crescimento, os impactos no orçamento federal e as implicações para os beneficiários.
O que é o BPC?
O BPC é um programa de assistência social criado pela Lei Orgânica de Assistência Social em 1993. Ele visa garantir um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência e idosos com 65 anos ou mais que se encontram em situação de vulnerabilidade. Para ser elegível, a renda familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo por pessoa, o que atualmente equivale a R$ 379,50.
Beneficiários do BPC
Em março de 2025, o número de beneficiários do BPC alcançou a marca de 6,2 milhões. Cada beneficiário recebe um salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.518. Esse valor é mais do que o dobro do que é oferecido pelo Bolsa Família, que tem uma média de R$ 660 por família.
Comparação com o Bolsa Família
Embora o BPC tenha um valor individual maior, o número de famílias atendidas pelo Bolsa Família é significativamente maior, totalizando 20,5 milhões em março de 2025. O orçamento federal para o Bolsa Família é de R$ 158,6 bilhões, enquanto o BPC conta com R$ 112 bilhões.
Crescimento do Número de Beneficiários
O aumento no número de beneficiários do BPC é notável, com 31 meses consecutivos de expansão. Esse crescimento é resultado de diversas mudanças na legislação e na interpretação judicial, que facilitaram o acesso ao benefício.
Mudanças na Legislação
Desde 2020, a legislação permitiu que mais de um membro da mesma família pudesse receber o benefício, o que contribuiu para o aumento do número de beneficiários. Além disso, a reforma da Previdência de 2019 dificultou o acesso à aposentadoria, levando muitos idosos a buscar o BPC como uma alternativa de proteção social.
Ampliação do Rol de Deficiências
Outro fator que impulsionou o crescimento do BPC foi a ampliação do rol de deficiências reconhecidas para o direito ao benefício. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo, passou a ser incluído, resultando em 17% dos novos benefícios concedidos nos últimos dois anos.
O Tribunal de Contas da União (TCU) tem acompanhado de perto o crescimento do BPC. O ministro Antonio Anastasia destacou que o fenômeno não é resultado de uma única causa, mas sim de uma combinação de fatores que incluem mudanças legislativas e a judicialização dos pedidos.
Impacto no Orçamento Federal
O aumento no número de beneficiários do BPC tem gerado pressão sobre o orçamento federal. Em 2025, 1.167 municípios já recebem mais recursos para o BPC do que para o Bolsa Família, um aumento significativo em relação aos 492 municípios em 2023.
Distribuição dos Recursos
A distribuição dos recursos do BPC tem se tornado uma questão importante, com algumas cidades, incluindo capitais como Recife e Belo Horizonte, recebendo mais do que o Bolsa Família. Essa mudança reflete a crescente necessidade de apoio social em diversas regiões do Brasil.