Em outubro de 2025, a Anvisa autorizou a produção de etanol injetável, medida vista como resposta rápida aos riscos crescentes de intoxicação por metanol no Brasil. O etanol, comumente conhecido como álcool etílico, passa a ser produzido de forma estéril e destinada ao uso hospitalar como antídoto em casos de ingestão acidental ou criminosa de metanol. Essa iniciativa aconteceu após solicitações urgentes do setor produtivo e do Ministério da Saúde, diante do aumento dos casos relatados de intoxicação e da necessidade de garantir o acesso rápido ao tratamento.
A autorização emergencial foi formalizada na Resolução-RE n. 4.012, de 10 de outubro de 2025, marcando um novo capítulo no manejo de emergências toxicológicas. A produção será feita pelo Laboratório Cristália, referência nacional, e todo o estoque inicial destinado gratuitamente ao Ministério da Saúde.
Entendendo a decisão da Anvisa em 2025
A autorização para a fabricação de etanol injetável foi impulsionada pelo crescimento no número de intoxicações relatadas em diferentes regiões do país. O panorama, agravado por eventos envolvendo bebidas adulteradas e erros de manipulação química, trouxe à luz um problema de saúde pública que requer ação rápida e assertiva. O diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, destacou a importância dessa articulação, reforçando que a prioridade máxima é proteger a saúde da população brasileira com medidas efetivas e coordenadas.
A decisão permite que um produto já reconhecido pela comunidade médica internacional seja fabricado localmente, respeitando padrões de segurança e qualidade exigidos para o uso humano. A medida dialoga diretamente com a legislação vigente e responde ao chamado por um maior alinhamento entre recomendações técnicas e práticas regulatórias no enfrentamento de emergências sanitárias.
Como funciona o etanol injetável como antídoto para metanol
O etanol injetável atua diretamente bloqueando a conversão tóxica do metanol no organismo. Quando o metanol é metabolizado pelo fígado, se transforma em compostos altamente tóxicos, principalmente o formaldeído e o ácido fórmico, responsáveis por lesões graves em órgãos vitais, sobretudo no sistema nervoso central e nos rins.
A administração do etanol, por via intravenosa, compete com o metanol pelo mesmo sistema enzimático, impedindo a formação dos metabólitos perigosos e permitindo que o organismo elimine a substância de maneira mais segura. Este recurso terapêutico é amplamente recomendado em protocolos toxicológicos internacionais e, graças à autorização da Anvisa 2025, agora conta com a produção nacional conforme a legislação.
Regularização e produção do etanol injetável
A Resolução 994/2025 instituiu procedimentos específicos e temporários para a legalização rápida da produção de etanol injetável. Essa estratégia abre caminho para que empresas brasileiras, como o Laboratório Cristália, possam fabricar e distribuir o medicamento de acordo com exigências sanitárias rigorosas.
Entre os principais requisitos para regularizar a produção estão:
- Estar sediada e regularizada no Brasil;
- Comprovar capacidade técnica de produção segura;
- Atender padrões de qualidade e esterilização;
- Garantir prazo de validade máximo de até 120 dias para o lote produzido.
Esse contexto demonstra como a agência reguladora está preparada para atuar de modo preventivo e responsivo, reforçando a importância estratégica da legislação sobre etanol em situações emergenciais.
Desafios da intoxicação por metanol e resposta da saúde pública
A intoxicação por metanol apresenta sintomas graves, como dor de cabeça intensa, vômitos, convulsões e, em casos mais críticos, pode levar à cegueira irreversível e ao óbito. Em surtos recentes, observa-se que a maioria dos acidentes está associada ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas ou manipulação inadequada em ambientes industriais e caseiros.
A atuação do antídoto metanol é fundamental diante do aumento de ocorrências, reduzindo complicações e melhorando o prognóstico de pacientes. Dados recentes da vigilância sanitária mostram como a disponibilidade do etanol injetável nos hospitais é um ponto vital para a contenção dessas emergências e, consequentemente, para a redução da mortalidade causada por intoxicação química.
Perguntas frequentes
- Por que o etanol injetável é utilizado como antídoto para o metanol?
Porque ele impede que o metanol seja transformado em compostos tóxicos, protegendo os órgãos vitais. - Quais são os sintomas principais da intoxicação por metanol?
Dor de cabeça, náuseas, vômitos, alterações visuais e, em casos graves, convulsões e coma. - O etanol injetável estará disponível somente em hospitais públicos?
O lote inicial será destinado ao Ministério da Saúde, focando hospitais do SUS, mas a tendência é ampliar o acesso. - Qual o prazo de validade do etanol injetável?
Até 120 dias para garantir máxima eficácia e segurança. - A legislação de 2025 permite produção em outros laboratórios?
Sim, desde que cumpram as exigências técnicas e sanitárias estabelecidas pela Anvisa.