O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um importante programa de assistência social no Brasil, destinado a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade. Recentemente, o Senado Federal aprovou alterações significativas nas regras do BPC, as quais ainda precisam ser sancionadas pela Presidência da República. Essas mudanças fazem parte de um conjunto de medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo governo federal, com o objetivo de tornar o processo de concessão do benefício mais rigoroso e equitativo.
Novas regras para avaliação de incapacidade
Uma das mudanças mais significativas diz respeito à avaliação da incapacidade para concessão do BPC. Atualmente, o benefício é garantido às pessoas com deficiência e aos idosos com 65 anos ou mais que não podem se sustentar ou ser sustentados por suas famílias, assegurando-lhes um salário mínimo mensal.
Proposta do Governo
A proposta inicial do governo buscava restringir a definição de pessoa com deficiência àquelas incapazes para a vida independente e para o trabalho. No entanto, essa parte foi removida pelo relator, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), após intensos debates e críticas.
A nova redação determina que a concessão do BPC estará condicionada à avaliação que comprove deficiência de grau moderado ou grave. Essa abordagem mantém uma definição mais abrangente, alinhada com a legislação atual, que descreve a pessoa com deficiência como alguém com impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, em interação com barreiras, podem dificultar sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com os demais.
Acesso ao auxílio BPC
É importante notar que, devido a protestos de parlamentares, o relator e líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-AL), informou que existe um compromisso por parte do Governo Federal de impedir a definição que restringe o acesso ao auxílio apenas para pessoas com deficiência de grau “moderado ou grave”. Isso sugere que os critérios provavelmente serão mantidos com base no regulamento atual, destinando o BPC para todas as deficiências, sem distinção.
Mudanças no cálculo de renda
Outra alteração significativa diz respeito ao cálculo da renda familiar para determinar a elegibilidade ao BPC. Conforme as novas regras, os rendimentos de todos os membros da família que vivem na mesma residência serão somados, e o valor total será dividido pelo número de pessoas que compõem o núcleo familiar.
Benefícios que entrarão no cálculo
É importante ressaltar que alguns benefícios não serão considerados nesse cálculo. Benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões por morte, assim como benefícios assistenciais, como o Bolsa Família, serão excluídos desse cálculo. Essa medida visa manter o que está previsto na lei aprovada em 2020, garantindo que esses auxílios não afetem negativamente a elegibilidade ao BPC.
No entanto, uma nova regra exclui do benefício aqueles que possuem bens de valor superior ao limite de isenção do Imposto de Renda. Essa medida busca direcionar o BPC para aqueles em situação de maior vulnerabilidade econômica.
Implementação do cadastro biométrico
O texto aprovado pelo Senado mantém a obrigatoriedade do cadastro biométrico, já implementado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). Essa medida visa aumentar a segurança e a eficiência na concessão e manutenção do benefício.
Além disso, propõe-se a inclusão da Classificação Internacional de Doenças (CID) para a concessão e renovação do benefício. Essa informação será tratada de forma sigilosa e será utilizada até que entrem em vigor as normas sobre avaliação biopsicossocial.
Para situações específicas, como locais de difícil acesso ou quando o requerente enfrenta dificuldades de locomoção devido à idade, saúde ou outras situações previstas por ato do Executivo, será concedido um prazo de seis meses, com possibilidade de prorrogação por mais seis meses, para a entrega do documento com o cadastro biométrico.
Atualização dos cadastros
Uma das medidas mais importantes para os atuais beneficiários do BPC é a necessidade de atualização dos cadastros. Aqueles que não estão cadastrados no Cadastro Único (CadÚnico) ou cujas informações estão desatualizadas há mais de 24 meses precisarão regularizar suas situações.
Esses beneficiários deverão se apresentar no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) de sua localidade para atualizar seus dados. É crucial ressaltar que o não cumprimento dessa exigência pode resultar na perda do benefício.
Atendendo as necessidades
As mudanças aprovadas pelo Senado no BPC representam um esforço do governo para aprimorar o programa e garantir que ele atenda àqueles que mais necessitam. No entanto, é importante lembrar que essas alterações ainda precisam ser sancionadas pela Presidência da República e podem sofrer ajustes antes de serem implementadas.
Para os atuais e futuros beneficiários do BPC, é fundamental estar atento às novas regras e requisitos. Manter o cadastro atualizado, compreender os novos critérios de avaliação e estar ciente das mudanças no cálculo de renda são passos essenciais para garantir o acesso contínuo ao benefício.
À medida que essas mudanças forem sendo implementadas, é provável que surjam mais detalhes e esclarecimentos. Portanto, recomenda-se que os beneficiários e seus familiares mantenham-se informados através de canais oficiais do governo e busquem orientação nos CRAS de suas localidades quando necessário.