Com a popularização das apostas online no Brasil, novas regras começaram a ser implementadas visando a proteção de grupos vulneráveis. Uma das medidas mais recentes impacta diretamente beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Agora, contas utilizadas por pessoas inscritas nestes programas sociais não podem ser usadas em plataformas de apostas. Essa decisão reforça o compromisso do governo federal com a finalidade dos benefícios assistenciais, buscando evitar o uso desses recursos em jogos de azar.
O que motivou a criação da restrição para beneficiários do Bolsa Família
A medida foi tomada após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio do acesso de beneficiários de programas sociais a plataformas de apostas online. O objetivo central é resguardar os valores destinados à assistência social, evitando que sejam direcionados para atividades que envolvem risco financeiro, como as apostas.
O governo, por meio do Ministério da Fazenda e da Secretaria de Prêmios e Apostas, reforçou essa determinação através de uma instrução normativa publicada no Diário Oficial da União. O documento detalha as obrigações das empresas do segmento, que passam a ter prazos rígidos para adaptar seus sistemas e realizar cruzamento de dados.
Como será feito o bloqueio das contas para apostas online
As plataformas deverão implementar mecanismos de consulta automatizada a um sistema público, mantido pelo governo, em dois momentos: na criação do cadastro e no primeiro login do dia. Dessa forma, qualquer beneficiário identificado terá a conta bloqueada para apostas em até três dias após a verificação. Além disso, está previsto um prazo de até 45 dias para que todas as casas de apostas confiram a situação de todos os CPFs cadastrados em suas bases para cumprimento desta norma.
Os dados acessados pelas operadoras correspondem apenas à confirmação ou não de que o usuário é beneficiário do Bolsa Família ou do BPC. As informações detalhadas dos beneficiários não serão compartilhadas. Essa solução procura respeitar a privacidade ao mesmo tempo em que cumpre o objetivo de evitar possíveis desvios na utilização dos recursos de cunho social.
BPC e Bolsa Família: quem tem direito e valores pagos em 2025
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é direcionado a idosos a partir de 65 anos ou pessoas com deficiência, desde que a renda familiar per capita não ultrapasse um quarto do salário mínimo. O valor do benefício corresponde ao salário mínimo vigente, pago mensalmente.
Já o Bolsa Família possui regras próprias: qualquer família com renda mensal por pessoa de até R$ 218 pode receber o valor básico, que é de R$ 600. O programa contempla ainda benefícios adicionais para gestantes, crianças de até 6 anos, jovens entre 7 e 18 anos, e bebês de até 6 meses. O objetivo é complementar a proteção à infância, maternidade e juventude, promovendo melhores condições de vida.
Panorama dos beneficiários no Brasil
De acordo com dados recentes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, aproximadamente 19,2 milhões de famílias foram contempladas pelo Bolsa Família em 2025, enquanto o BPC chega a cerca de 3,75 milhões de pessoas.
Apostas online no Brasil: movimentação financeira e perfil dos apostadores
Dados do Ministério da Fazenda evidenciam que cerca de 17,7 milhões de brasileiros participaram de apostas em sites e aplicativos no primeiro semestre de 2025. O gasto médio por apostador ativo foi de aproximadamente R$ 164 por mês, indicando grande capilaridade dessas plataformas pelo país.
Em relação ao valor movimentado, houve esclarecimento recente sobre sua real proporção: enquanto estimativas iniciais do Banco Central apontavam cifras entre R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões mensais, o volume efetivo, considerando o que realmente sai do bolso dos apostadores após a devolução de prêmios, fica em torno de R$ 2,9 bilhões por mês. Por ano, isso representa cerca de R$ 36 bilhões.
Por que a restrição é vista como uma proteção aos programas sociais
Com a nova política, a intenção é preservar o intuito original dos programas de transferência de renda, evitando que famílias em situação de vulnerabilidade tenham seus recursos comprometidos por atividades de risco como as apostas. A restrição reforça a importância da responsabilidade social e do uso consciente do dinheiro público.
Dessa forma, o governo busca promover uma maior segurança financeira para quem depende desses benefícios, ao mesmo tempo em que exige das empresas do setor um papel ativo na fiscalização e cumprimento da legislação.
Fiscalização, prazos e consequências para descumprimento
O prazo para implementação dos procedimentos é de 30 dias para que as operadoras de apostas online integrem os sistemas de consulta ao cadastro de beneficiários. Já as verificações de todos os CPFs já cadastrados devem ocorrer em até 45 dias após a publicação da norma. O não cumprimento poderá acarretar em sanções administrativas às empresas, reforçando o caráter obrigatório e imediato das ações.
Com a fiscalização contínua dos órgãos responsáveis, espera-se que a aplicação da norma seja eficaz, protegendo o interesse público e cumprindo a decisão do STF.
O que muda, na prática, para o usuário beneficiário
Quem recebe o Bolsa Família ou o BPC não conseguirá criar novas contas em sites de apostas, e quem já possui cadastro nessas plataformas terá a conta encerrada em até três dias após a verificação dos dados. Essa medida não afeta outros tipos de serviços financeiros, limitando-se exclusivamente ao mercado de apostas online.
O usuário que não é beneficiário de programas sociais segue utilizando normalmente as plataformas, respeitando as regulamentações vigentes. O controle pretende ser automático, reduzindo fraudes e uso indevido dos recursos, sem a necessidade de comunicação direta do beneficiário com o órgão regulador ou a casa de apostas. Acompanhe mais atualizações no Portal Alerta Gov.
Perguntas Frequentes
Quem não poderá apostar online a partir desta nova regra?
Beneficiários do Bolsa Família e do BPC terão suas contas bloqueadas pelas plataformas de apostas, impedindo depósitos e participação em jogos.
Como as empresas de apostas identificarão os beneficiários?
Elas farão consultas diárias em um sistema público fornecido pelo governo, sempre que houver cadastro ou login.
É possível contestar o bloqueio da conta?
Não há previsão de mecanismo específico para contestação; a regra visa cumprir o direcionamento do STF.
O que muda para quem não recebe Bolsa Família ou BPC?
Usuários que não recebem esses benefícios continuam usando as plataformas normalmente.
Os dados pessoais serão compartilhados com as casas de apostas?
Não. Apenas a confirmação do status de beneficiário é retornada, sem exposição dos dados detalhados.