A nova tarifa social de energia elétrica começa a valer no dia 5 de julho e deve beneficiar milhões de brasileiros com gratuidade total ou descontos expressivos na conta de luz. A iniciativa foi oficializada por meio de medida provisória assinada pelo presidente em maio e, embora já tenha data para iniciar, ainda passará por trâmite no Congresso
para se tornar lei permanente.
Benefício para famílias de baixa renda
A medida garante isenção na conta de luz para famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) com consumo mensal de até 80 kWh. O impacto direto será sentido principalmente por quem vive em áreas urbanas e rurais com menor infraestrutura, onde o consumo tende a ser mais baixo. Além disso, a gratuidade será estendida a outros perfis que se enquadram em critérios específicos.
Grupos com acesso à energia gratuita
Estão incluídos na gratuidade:
- Famílias do CadÚnico com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa;
- Pessoas com deficiência ou idosos com mais de 65 anos que são beneficiários do BPC;
- Comunidades indígenas e quilombolas cadastradas;
- Moradores de regiões atendidas por sistemas de geração isolada, fora da rede convencional.
Essa ampliação pretende contemplar cerca de 60 milhões de pessoas em todo o Brasil, segundo projeções do governo.
Desconto para faixas de consumo intermediário
Quem consome até 120 kWh por mês e tem renda entre meio e um salário mínimo por pessoa receberá desconto parcial. O abatimento incidirá sobre a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que representa uma média de 12% da fatura total. Com isso, o valor da conta será reduzido em proporção significativa, aliviando o orçamento de famílias em situação de vulnerabilidade.
Situação anterior à medida
Até então, apenas famílias indígenas e quilombolas tinham isenção completa. As demais famílias de baixa renda já contavam com um desconto progressivo, mas que variava de acordo com o consumo e a faixa de renda. A nova configuração unifica os critérios e amplia o acesso ao benefício, corrigindo distorções que deixavam parte dos consumidores desassistidos.
Expansão do mercado de energia
Além da tarifa social, a medida também traz outra mudança importante: a abertura do mercado de energia para consumidores residenciais. Isso significa que, a partir do próximo ano, qualquer pessoa poderá escolher o fornecedor de energia elétrica, e não ficará mais atrelada a uma única concessionária. Atualmente, essa opção está restrita a grandes consumidores, como empresas de médio e grande porte.
A proposta busca estimular a concorrência no setor, o que pode resultar em tarifas mais acessíveis e novos modelos de fornecimento. No entanto, o impacto dessa mudança será observado a médio e longo prazo, e ainda depende de regulamentações específicas.
Equilíbrio financeiro do setor
Para viabilizar a gratuidade e os descontos sem desequilibrar o setor elétrico, o governo planeja uma série de ajustes. Entre as propostas estão:
- Inclusão dos consumidores livres na divisão de custos com usinas nucleares e incentivos à geração distribuída;
- Distribuição mais equitativa dos encargos da CDE, com base no volume consumido;
- Limitação da autoprodução de energia a um patamar mínimo de demanda;
- Restrição aos descontos sobre uso de rede para consumidores do segmento final.
Essas medidas têm o objetivo de redistribuir responsabilidades financeiras e manter a estabilidade do fornecimento sem aumentar a conta dos demais consumidores.
Prazos e regulamentação
Embora a medida provisória entre em vigor a partir de julho, ela precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado em até 120 dias. Caso contrário, perde a validade e os benefícios deixam de ser aplicados. Enquanto isso, as distribuidoras de energia deverão se preparar para adaptar seus sistemas, identificar os beneficiários automaticamente por meio do cruzamento com o CadÚnico e garantir o repasse correto da gratuidade ou dos descontos.
Conclusão técnica da aplicação da tarifa
Com a nova configuração, a Tarifa Social de Energia Elétrica passa a garantir acesso gratuito à energia para milhões de famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa também prepara o setor elétrico para uma nova realidade de mercado, mais competitivo e descentralizado, buscando equilíbrio financeiro com justiça social.